Justiça Restaurativa: a transformação social nas escolas

Publicado por: Viviane Bandeira

 
 

Em reunião realizada no final da tarde de ontem (13), na Corregedoria Geral da Justiça, gestores públicos alinharam as primeiras ações do programa Justiça Restaurativa nas Escolas.

 

A Justiça Restaurativa promove a entrega do justo à sociedade, por meio de uma metodologia específica, favorecendo a adoção de ferramentas autocompositivas de solução de conflitos. Iniciaremos o trabalho nas escolas estaduais e municipais de Teresina e Parnaíba, com a capacitação dos profissionais das redes públicas de educação e assistência social. O programa Justiça Restaurativa nas Escolas é um olhar para o futuro, para a construção de uma cultura de paz, no Judiciário e na comunidade”, destacou a juíza Maria Luiza de Moura Mello e Freitas, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Teresina, coordenadora do Comitê Gestor de Justiça Restaurativa do TJPI e do Núcleo de Justiça Restaurativa de Teresina.

 

De acordo com a magistrada, incluir a experiência da Justiça Restaurativa no ambiente escolar ampliará a relevância da educação para o desenvolvimento humano e social, bem como contribuirá para a redução dos prejuízos acadêmicos causados por questões de vulnerabilidade e violência no entorno das escolas.

 

Apresentaremos à comunidade escolar formas de transformação de conflitos diversas da punição, pautadas pelo diálogo, pela construção de responsabilidades individuais e coletivas, pelo atendimento de necessidades, pela reparação dos danos, pela harmonização das relações, com base nos direitos humanos fundamentais. Nossa pretensão é que cada integrante da comunidade escolar possa revisitar suas crenças e teorias acerca das questões sobre conflito e violência, a fim de adquirir um novo repertório para atuar na transformação da convivência escolar e na gestão das escolas em sintonia com os valores, princípios e diretrizes da Justiça Restaurativa”, completou a juíza Maria Luiza de Moura Mello e Freitas.

 

 

O ministro do Tribunal Superior do trabalho e conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, Luiz Phelippe Vieira de Melo, apresentou a proposta do programa Justiça Restaurativa nas Escolas aos gestores estaduais e municipais: “A Justiça Restaurativa é um poderoso instrumento de reconexão que equilibra todo o ambiente. A escola pública recebe toda a sociedade brasileira, com todas as desigualdades que vivenciamos. Precisamos cuidar da convivência como um todo e no currículo, porque as violências do ambiente escolar reproduzem estruturas arraigadas na sociedade, como capacitismo, bullying e racismo. A tensão externa vai para dentro das escolas antes de chegar ao Judiciário, por isso é um dever nosso, como magistrados, dar resposta à sociedade e estar ao lado das escolas e professores, porque essa é a nossa chance de mudar o país”, avaliou.

 

Visão dos gestores

 

Na visão da secretária estadual de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos , Regina Sousa, a expressão-chave é paz nas escolas: “As escolas precisam precisam incorporar essa mentalidade: paz! Muitas cidades do mundo já conseguiram. Temos caminho a percorrer: prevenir, evitar que adolescentes cheguem à privação de liberdade. Para isso, precisamos investir cada vez mais em equipamentos públicos que favoreçam a ocupação positiva das mentes e a conviência intergeracional, porque esses equipamentos evitam que a violência atinja nossas crianças e jovens. É uma grata satisfação saber que o Poder Judiciário está atento a essa questão e se propõe a capacitar toda a comunidade escolar e as equipes multiprofissionais do Estado”, declarou.

 

O secretário Estadual de Educação, Washington Bandeira, falou sobre a iniciativa de universalização do ensino de tempo integral, com ensino profissionalizante e técnico integrados, nas escolas de ensino médio da rede estadual e de sua relação com a proposta de implantação da Justiça Restaurativa no ambiente escolar: “Muito feliz em ver que os Poderes estão se articulando para gerar bons frutos, diretamente, à sociedade, com uma política pública construída pelo Judiciário e Executivo, com o intuito de realmente promover a cultura de paz nas escolas. A Justiça restaurativa combina perfeitamente com nossas iniciativas de universalização do ensino em tempo integral em todo o Estado e colocamos toda a rede estadual de ensino à disposição para iniciarmos, juntos, essa poderosa transformação em toda a comunidade educacional”, ressaltou.

Para a secretária-executiva do Sistema Único de Assistência Social da SEMCASPI, Aline Teixeira, todas as ações que visem à formação de uma cultura de paz são de grande interesse público: “A assistência social é quem primeiro atende as crianças, adolescentes e suas famílias. A política de assistência social, aliada à política educacional, é o braço do poder público mais próximo da população. Receberemos a capacitação e tenho a certeza de que, mais do que colaborar com a implantação da Justiça Restaurativa nas escolas municipais de Teresina, usaremos essa ferramenta metodológica nas ações de assistência social em todo o município”, frisou.

 

Participaram da reunião representantes da Corregedoria Geral da Justiça; do Comitê Gestor de Justiça Restaurativa do TJPI; da Secretaria Estadual de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos-SASC; da Secretaria Estadual de Educação-SEDUC, da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas de Teresina-SEMCASPI e da Secretaria Municipal de Educação de Teresina-SEMEC.

 

Justiça Restaurativa nas Escolas

 

O programa Justiça Restaurativa nas Escolas é uma parceria entre a Corregedoria Geral da Justiça, a Escola Judiciária do Piauí, o Comitê Gestor de Justiça Restaurativa e os Núcleos de Justiça Restaurativa de Teresina e de Parnaíba, com a participação de órgãos do Goberno do Estado do Piauí e da Prefeitura de Teresina.

 

O Conselho Nacional de Justiça-CNJ elegeu 2023 como o Ano da Justiça Restaurativa na Educação, aprofundando as discussões em âmbito nacional e fomentando, com os tribunais estaduais, a efetiva implantação da Justiça Restaurativa no ambiente escolar.

 

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